Contra-Ataque | Generalidades

O CA caracteriza-se pela imprevisibilidade

Escolhi o tema do Contra-Ataque (CA) para este Clinic por duas razões:

  1. A primeira tem que ver com a minha experiência no âmbito das várias SN, incluindo a de Seniores;
  2. A segunda porque cresci a ver nas equipas do Algés um ADN muito próprioorgulho na sua defesa, tentar sempre jogar em CA e passar bem a bola, cultivar o passe.

A experiência da competição internacional, com as SN, mostra-nos que, para elevar o nosso nível e ter melhores resultados, há três itens do jogo em que temos que ser tão bons como os melhores e não somos… São os seguintes: percentagem de lançamentos de campo; eficácia (pontos marcados) a atacar em campo aberto; defesa do atacante com bola (1×1 exterior). A competição mostra-nos que ainda estamos longe dos melhores nos três itens referidos (e noutros…) e tal não se deve a questões táticas coletivas e (ou) a más escolhas estratégicas, mas sim a deficiências ao nível dos fundamentos individuais da maioria dos nossos jogadores.

 

O que a competição internacional também nos demonstra é que jogadores “bem formados”, isto é, que saibam “ler” o jogo (tática individual) e executem de forma eficaz (técnica individual) são capazes, mais tarde (em Senhores), de jogar a um nível elevado, independentemente dos “sistemas”, ofensivos ou defensivos.

 

CONTRA-ATAQUE, GENERALIDADES

Ser eficaz a explorar o contra-ataque é marcar pontos em CA… A competição internacional diz-nos que não o somos, marcamos poucos pontos, a percentagem de concretização das situações de contra-ataque é muito baixa.

Na minha opinião, há duas razões que o explicam: a orientação da formação de jogadores não é a adequada; a forma como se encara o treino do contra-ataque é pouco séria…Tanto nas categorias de formação, como na área do rendimento, é essencial ter em conta as características dum CA eficaz, que se traduza em pontos marcados.

 

Desde jogo, importa desfazer o mito de que o CA “é fácil”, “não custa nada”, origem da forma recreativa como quase sempre se treina CA… Ora, o CA é tudo menos fácil, é até bem difícil, porque se trata de “ler” o jogo e executar em

regime de velocidade máxima. Para melhorar a eficácia do CA, o treino tem que recriar as exigências do jogo, isto é, trata-se de marcar pontos, aproveitando uma situação de vantagem de duração muito curta (2 ou 3 segundos).

 

Por outro lado, o CA caracteriza-se pela imprevisibilidade, não é possível prever as situações nas quais uma equipa pode criar uma vantagem, nem as formas como vai conseguir aproveitar essa vantagem, sabendo-se que tal só é possível se todos os jogadores reagirem (atacarem) de imediato, começando pelo atacante com bola, o que exige que tenham uma grande versatilidade.

 

No que respeita à formação, importa perceber que o que distingue as equipas mais eficazes a jogar em CA é precisamente a versatilidade dos seus jogadores, que lhes permite darem resposta às situações imprevisíveis do jogo, criando e aproveitando vantagens que têm uma duração muito curta.

 

Observando essas equipas, constata-se que, hoje em dia, explora-se o CA de formas muito diferentes de há uns anos atrás, sendo frequente que a bola não seja conduzida em drible pelo “base”, que o drible não tenha que ser obrigatoriamente pelo corredor central, que os “extremos” não tenham que cruzar, que se finalize com lançamentos de 3 pontos, etc., etc.

 

A conclusão óbvia a tirar para a formação dos nossos jogadores é a de que temos que formar jogadores versáteis, não os especializando cedo demais, não os proibindo de fazer o que mais tarde (em Seniores) vamos querer que sejam capazes de fazer em jogo.

 

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Professor Mário Gomes
Selecionador Nacional Sénior
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