“Os comentários que fazemos aos jogadores para os corrigir são, muitas vezes, ricos em julgamento, mas pobres em informação”

Uma análise de um comentário de Cristina e Corcos

Se não quisermos olhar para nós próprios (e devemos sempre fazê-lo, com frequência, pois a análise do nosso comportamento é sempre bastante útil para a nossa formação), tentemos então recordar algumas das imagens que mais depressa nos vêm à mente ao recordar a observação que fizemos de outros treinadores a corrigir os seus jogadores.

 

É ou não verdade que, muitas vezes, vemos associar a esse momento um aumento do tom de voz, a presença de gestos e atitudes exaltadas, como se o treinador estivesse zangado com os jogadores?

 

Nestas situações, é frequente ouvirmos frases como “mau passe”, “não é assim que se lança”, ou outras mais agressivas dirigidas à pessoa do jogador, cujo conteúdo pouco (ou nada) o ajuda a alterar o seu desempenho, apenas assinalando aquilo que ele já viu, ao ver a bola ir para fora, ou a nem sequer acertar no aro.

 

Estes comportamentos do treinador têm duas componentes negativas, que seria bom tentarmos alterar.

 

Por um lado, não contribuem para a alteração de execução associada ao objetivo de correção do erro com que teoricamente são formuladas.

 

Depois, também não fornecem indicações concretas sobre a forma como ele pode alterar o seu desempenho.

 

Finalmente, e talvez mais importante, tais atitudes levam o jogador a não encarar o erro como um elemento natural em quem aprende, ou está a querer aperfeiçoar uma tarefa, levando-o a pensar que, se o treinador está “naquele estado” e fala com ele “daquela maneira”, é porque algo de muito grave ele fez!

 

Torna-se por isso decisivo que o treinador, ao corrigir os seus jogadores, assuma uma atitude calma e atenta, questione o jogador sobre o que sentiu durante o desempenho, ajudando-o a identificar a incorreção cometida, aponte as causas que estão na origem da presença do erro, forneça indicações precisas sobre as alterações necessárias e comunique com o jogador após a sua nova tentativa, informando-o sobre a forma como ele aplicou as informações recebidas.

Comentado por Prof. Jorge Adelino
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