“O sucesso de um treinador está na aprendizagem dos seus jogadores”

Uma análise de um comentário de Chuck Williams

Esta frase é das mais antigas com que contactei e foi daquelas que mais marcou a minha formação, originando muita reflexão e conversa com outros treinadores, constituindo ainda um tema repetido em muitas iniciativas de formação para treinadores em que participei.

 

Estávamos nos anos 70 e a meio de um clinic, aquele então jovem treinador americano, provavelmente sem uma intenção especial, proferiu aquela frase tão rica de conteúdo, que me ficou a martelar nos ouvidos e que deve fazer pensar todos os treinadores.

 

Podemos analisar o conteúdo da frase segundo diferentes direções. Uma delas será o modo como é feita a formação de treinadores e em particular a sua avaliação. Podemos recorrer à mesma afirmação olhando para os exemplos de sucesso e de insucesso de treinadores que rotulamos com diferentes níveis de “saber”. Ou interpretarmos melhor o esforço que fazemos por contactar com mais e mais novos conhecimentos.

 

A função de treinador não se pode resumir a uma questão de saber, na perspetiva do conhecimento acumulado e na capacidade de dissertação sobre os mais diversos e complexos temas relacionados à sua função. No final, a competência do treinador mede-se sempre pelo desempenho e pela capacidade demonstrada pelos seus jogadores, desempenho e capacidade essas que não têm um valor absoluto, mas antes terão de estar adequadas às etapas de formação em que eles se encontram.

 

Resulta desta afirmação a importância acrescida que tem de ser atribuída à capacidade de comunicação dos treinadores com os seus atletas, à maior ou menor competência que revelam em fazer com que os seus jogadores joguem, executem e realizem as suas tarefas de acordo com aquilo que ele sabe.

 

Como é óbvio, ninguém pode ensinar aquilo que não sabe. Por isso, não está em causa a necessidade de conhecimento, de domínio dos temas que fazem parte dos diferentes momentos de preparação dos jogadores, conhecimento esse que deve ser profundo e refletido.

 

Porém, tal não chega para se ser bom treinador e conseguir alcançar o objetivo último da sua função: fazer com que os jogadores desempenhem corretamente as tarefas que o jogo lhes apresenta e tenham gosto naquilo que fazem.

 

Atrevo-me mesmo a dizer que se qualquer um de nós descrevesse a posição básica defensiva de quem defende o jogador com bola em drible, seríamos bem capazes de elaborar um texto muito parecido com o que, por exemplo Bobby Knight, um dos treinadores americanos mais conceituados nas questões da defesa, iria apresentar. A questão é que enquanto os jogadores por ele preparados eram terríveis a defender, os nossos continuam a ser permanentemente ultrapassados pelos adversários em drible.

Comentado por Prof. Jorge Adelino
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