“Nos jovens são as competições que devem estar ao serviço dos objetivos de treino”

Uma análise de um comentário de Olímpio Coelho

Quando um treinador tem de preparar a participação numa grande competição, um dos primeiros elementos de que necessita para organizar a preparação dos atletas é, sem dúvida, o calendário das competições e a forma como as mesmas vão decorrer.

 

Trata-se de informações decisivas para o seu trabalho, uma vez que, tanto as características da prova (forma de qualificação, existência de fases de apuramento e de finais, horas e locais em que se realizam, número de competições, etc.) como a data em que a mesma se realiza, vão condicionar a estrutura de treino a construir e o programa de preparação a efetuar pelos jogadores, tendo em vista obter o melhor resultado naquelas condições e naquele momento.

 

Ao passarmos para o desporto juvenil, temos de estar cientes de que na preparação desses jovens atletas não nos devemos deixar levar por aquilo que sucede nos modelos dos jogadores mais velhos e está adequado ao seu treino.

 

O quadro competitivo é uma das áreas em que essas diferenças se devem manifestar, seja na estrutura de organização competitiva proposta, seja na forma como se avaliam e interpretam os resultados que forem alcançados.

 

Ao abordar este tema, muitas vezes limitamo-nos a comentar a forma como treinadores (tal como dirigentes e pais) devem encarar os resultados obtidos, relativizando o significado que lhe atribuem e desdramatizando as suas reações.

 

Contudo, as diferenças devem surgir também na fórmula competitiva seguida nas competições dos mais jovens jogadores, uma vez que, para que a preparação que está a ser efetuada não sofra percalços indesejados, a maneira como as competições aparecem e são organizadas deve estar em convergência com os objetivos gerais de preparação a seguir nestas etapas:

 

Nenhum treinador de jovens deve ser confrontado com a necessidade de alterar o seu caminho na direção de “bons objetivos” por causa de uma competição ou de um quadro competitivo.

 

Nenhum treinador deverá ver influenciado negativamente o seu trabalho de preparação dos jovens jogadores, na presunção de que é o mais adequado, por causa de uma competição, ou dos efeitos que ela provoca

 

Reside nesta preocupação o caráter pedagógico que associamos às propostas de competição do desporto juvenil, devendo as soluções apresentadas respeitar este princípio, na forma da sua organização, no sistema de apuramento, na distribuição dos campeonatos e torneios ao longo da época e nos prémios que vão ser atribuídos.

 

É manifesto que o conceito de competição juvenil é demasiado abrangente, devendo haver diferenças significativas entre uma competição para jovens de 8 anos e aquela que se realiza com jovens de 18 anos. Contudo, nas primeiras etapas, é preciso sermos capazes de romper com tradições ancestrais, tanto na forma como na calendarização, quase sempre seguidas porque “sempre assim que foi feito”, pelo que seria útil criar-se um movimento de procura de novas soluções ao serviço dos objetivos e das condicionantes da preparação desportiva juvenil.

Comentado por Prof. Jorge Adelino
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