“No treino, é melhor prestar muita atenção a pouca coisa do que pouca atenção a muita coisa”

Uma análise de um comentário de Hannes Neumann

Quando estamos a preparar uma sessão de treino, uma das tarefas que temos de realizar é a de encontrarmos o meio (o exercício) que melhor nos vai servir para tentar alcançar um determinado objetivo definido para aquele dia. É esta a sequência correta que devemos respeitar: primeiro o objetivo, depois o exercício!

 

No entanto, no momento da sua aplicação com os jogadores, é frequente sentirmos a tentação de alargar o campo da nossa intervenção a outros aspetos do desempenho dos jogadores, enquanto intervenientes nesse exercício.

 

Um exemplo desta situação, que todos irão reconhecer, surge quando aplicamos um exercício a que podemos chamar de “mistos” (3 contra 3, ou 4 contra 4, entre outros). Se, por exemplo, escolhemos esse exercício para treinar a aplicação da ajuda defensiva, isso não impede que nele contenha passes, lançamentos, bloqueios e mesmo outras tarefas defensivas, o que nos leva a ser “empurrados” para transmitir informação aos jogadores também sobre esses temas.

 

Devemos tudo fazer para garantir o controlo da nossa intervenção nestas circunstâncias, sobretudo se queremos que os jogadores foquem a sua atenção sobre o objetivo primeiro que nos levou à escolha daquela forma particular de treino.

 

Se a necessidade do treino, ou do grupo de jogadores, está bem definida e nos levou a tomar uma decisão para a estrutura da sessão, é nesse desempenho que, prioritariamente, tem de se centrar a intervenção do treinador e a atenção dos jogadores.

 

O apelo para refletirmos sobre esta situação surgiu na sequência da leitura da frase que este treinador alemão nos apresenta.

 

A vontade de ensinar e o desejo de corrigir os jogadores pode levar o treinador a um exagero de intervenção e sobretudo, como estamos a analisar no exemplo escolhido, a uma dispersão dos seus comentários corretivos, não ajudando com isso os próprios jogadores a focarem-se no que é importante, naquele momento.

 

Logo, é fundamental que o treinador esteja consciente do que pretende quando escolhe um exercício, mas, principalmente, que depois, durante a sessão do treino, atue em conformidade com essa intenção, focando a sua atenção e a dos jogadores principalmente nos elementos constituem a sua preocupação prioritária, naquele dia.

 

Este mesmo princípio obriga a que não descuremos as questões do planeamento, da organização cuidadosa da época desportiva, distribuindo nas cerca de 48 semanas de preparação os temas que queremos treinar, os quais devem ser escolhidos para a equipa em função da idade dos jogadores e do percurso de formação que já realizaram. Esta visão plurianual da preparação contribui fortemente para que o treinador seja levado a não esquecer e a dedicar mais atenção aos elementos prioritários para aqueles jogadores.

Comentado por Prof. Jorge Adelino
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