“Ninguém pode ser criativo, se não lhe for permitido errar”

Uma análise de um comentário de José Miguez

Eis-nos perante uma afirmação que todos os treinadores devem ler com muita atenção e refletir profundamente sobre o seu conteúdo.

 

Todos queremos jogadores capazes de, com os argumentos que possuem, em particular com o reportório de fundamentos que dominam, conseguir encontrar soluções para os obstáculos com que deparam, mesmo que inesperados.

 

Muitos treinadores afirmam igualmente que a criatividade é um argumento essencial dos bons jogadores, havendo mesmo quem a assinale como o elemento diferenciador da sua competência.

 

No entanto, a expressão dessa capacidade criativa admirada e solicitada aos jogadores, está fortemente relacionada com a maneira como os mesmos treinadores lidam com os erros por eles cometidos, no modo como admitem a sua presença e os procuram eliminar.

 

Se o treinador, com as suas palavras e atitudes, fizer chegar aos jogadores a ideia de que cometer um erro é algo de grave e mostra uma incapacidade, vai estar a contribuir para que a disposição para criar e a vontade de arriscar, definhem. Com isto, o jogador pode mesmo deixar de expressar essa sua capacidade ou a reprima.

 

Pelo contrário, aceitando os erros como elementos normais de um processo de aprendizagem, olhando para os desacertos e incorreções no desempenho apenas como elementos normais que é preciso modificar e ultrapassar, ao sermos mais informadores e menos punitivos quando comunicamos com o jogador que errou e o tentamos corrigir, estaremos a ajudá-lo a manter acesa a chama da sua criatividade, deixando-o à vontade para voltar a tentar, numa nova oportunidade que lhe surja.

 

Assim, se o erro não for um elemento admissível e natural, tanto para o treinador como para o jogador, dificilmente este vai atrever-se a ter comportamentos criativos.

 

No sentido de reforçar esta ideia, gostaríamos ainda de fazer outra citação, relativa a um fenómeno com que hoje lidamos quase instintivamente, mas que viveu um longo percurso de tentativas falhadas, até ser bem-sucedido e entrar no patamar do sucesso.

 

Segundo Bill Mayer e Dan Zadra, “Thomas Edison cometeu milhares de erros e realizou um sem número de tentativas infrutíferas na sua luta para inventar a lâmpada eléctrica. Tal como um bom atleta, Edison nunca desistiu, nem, perante essas falhas perdeu a coragem de continuar a tentar, retirando de cada uma delas a correspondente lição, o que o fez aproximar cada vez mais do momento de sucesso. Hoje, quando acendemos o interruptor de um candeeiro e a luz se acende, recordamos Thomas Edison não pelos seus enganos, mas sim pelo resultado a que ele chegou, pela sua GRANDE VITÓRIA”.

Comentado por Prof. Jorge Adelino
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