Conferência/debate ABL
08 FEV 2017
Fazer dos constrangimentos oportunidades
A Associação de Basquetebol de Lisboa (ABL) realizou no passado dia 30 de janeiro a primeira conferência/debate inserida na comemoração dos seus 90 anos de existência. A sessão decorreu no auditório do Comité Olímpico de Portugal e contou com três oradores bem conhecidos do basquetebol nacional: Isabel Ribeiro dos Santos, José Curado e Mário Gomes. A moderação esteve a cargo dos jornalistas António Barros e Vítor Ventura.
O tema da conferência era aliciante: Basquetebol português: Constrangimentos e Potencialidades. Não surpreendeu, por isso, que as duas horas da sessão tenham passado a correr. A primeira intervenção coube a Mário Gomes, atual Diretor Técnico Nacional e também selecionador nacional da equipa de seniores masculinos. Começou por debruçar-se sobre os constrangimentos existentes na modalidade, sublinhando a dificuldade de serem assumidos compromissos com as pessoas do basquetebol e conseguir que sejam respeitados. Lamentou que Portugal não tivesse aproveitado alguns pontos altos vividos pela modalidade para a impulsionar, referindo como exemplos a organização do Campeonato do Mundo de Juniores em 1999 e a participação da seleção nacional no Campeonato da Europa de 2007, com um brilhante 7.º lugar. Apontou problemas na formação e nos objetivos definidos por quem nela trabalha e indicou como caminho a profissionalização do basquetebol, embora se tenha revelado consciente da falta de sustentabilidade, sobretudo de natureza financeira, necessária para a concretização de semelhante propósito.
Isabel Ribeiro dos Santos, atual treinadora da equipa sénior feminina do Esgueira, focou a necessidade de uma orientação, através da resposta à questão primordial: o que quer Portugal ser no mundo do basquetebol? Defendeu que a modalidade cresceu de forma errada e, por isso, deixou de ser importante na vida das pessoas, mesmo as que com ela têm uma ligação mais estreita. Apontou o dedo aos decisores, considerando haver falta de coragem para definir caminhos e, sobretudo, para enfrentar alguns interesses instalados.
Por sua vez, José Curado, professor da Universidade Lusófona, onde também é responsável pelo Instituto Lusófono de Treino Desportivo Teotónio Lima, mostrou-se crítico em relação a quem tem sido responsável pelos destinos do basquetebol português e enfatizou a necessidade de valorizar os treinadores de jovens, acrescentando que formar treinadores implica transformar comportamentos, melhorando-os. Ainda no âmbito da organização da modalidade, criticou a definição geográfica dos órgãos associativos, declarando que há demasiados. Deveria ser feito um novo desenho do país, que melhor defenda a modalidade e permita um funcionamento mais agilizado, através da redução do número de associações.
Depois destas exposições iniciais, intervieram pessoas presentes na audiência, o diálogo surgiu naturalmente e falou-se sobre diversos aspetos, como a qualidade dos dirigentes, o trabalho nos escalões de formação ou a arbitragem. A certa altura, alguém chamou a atenção para o facto de a discussão ter focado quase exclusivamente os constrangimentos, ignorando as potencialidades. E ficou o mote: porque não fazer dos constrangimentos potencialidades para o desenvolvimento do basquetebol em Portugal?
A ABL no quadro dos seus 90 Anos não deixará de com outras conferências ou por outras formas continuar a dar um contributo para o debate e confronto de opiniões que enriqueçam as soluções para tornar o nosso Basquetebol cada vez mais uma referência. Até porque “NÓS GOSTAMOS DO BASQUETEBOL”